Meu cachorro está se lambendo demais: comportamento comum ou problema de saúde?

É normal que os cães se lambam. Eles fazem isso para se limpar, se acalmar e até por puro hábito. Mas quando esse comportamento se torna repetitivo, insistente ou obsessivo, é hora de ligar o sinal de alerta. Afinal, meu cachorro está se lambendo demais pode ser tanto uma questão comportamental quanto um problema de saúde que precisa de atenção.
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Cães se comunicam com o corpo. Quando algo incomoda, eles demonstram — e o excesso de lambedura costuma ser um dos primeiros sinais. Mas como saber se é só uma mania ou se há algo mais sério por trás? Essa dúvida é comum entre tutores e, se ignorada, pode acabar agravando o problema.
Neste artigo, você vai entender por que esse comportamento acontece, como diferenciar o que é normal do que exige tratamento e quais cuidados tomar para garantir o bem-estar do seu companheiro.
O que é considerado lambedura excessiva em cães?
Nem toda lambida é sinal de problema. Um cachorro pode se lamber depois de comer, ao acordar ou ao se limpar, especialmente as patas. Isso faz parte da rotina canina. A questão está na frequência e na intensidade.
Se o seu cachorro passa boa parte do dia lambendo a mesma área — como uma pata, o flanco ou a barriga —, ou se começa a criar feridas, perder pelos ou ficar irritado, isso já ultrapassa o limite do comportamento normal. Em alguns casos, os cães até acordam à noite para se lamber, o que interfere no sono e afeta o humor do animal.
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Possíveis causas físicas para a lambedura excessiva
Antes de pensar em causas comportamentais, é fundamental descartar problemas de saúde. Muitas vezes, o que parece “apenas um hábito” é, na verdade, uma forma do cão lidar com dor, coceira ou desconforto.
Alergias de pele
A causa mais comum é a dermatite alérgica, provocada por alimentos, picadas de pulgas, produtos de limpeza ou até grama. A coceira intensa leva o cão a lamber a pele em busca de alívio.
Dores articulares ou musculares
Em cães idosos ou com predisposição genética, dores articulares — como as da displasia ou artrose — podem levar à lambedura da região afetada. O cão tenta “curar” aquilo que dói, instintivamente.
Presença de feridas, espinhos ou corpos estranhos
Cachorros podem pisar em espinhos, vidro ou pegar pequenas infecções na pele. Se a lambedura é focada em uma área específica e surgiu de repente, vale inspecionar bem a região.
Leia também: Como Identificar e Tratar Alergias em Gatos
Infecções de pele e fungos
Bactérias ou fungos também causam coceiras localizadas, com odor forte e vermelhidão. Quanto mais o cão lambe, mais irritada fica a pele — e o ciclo se repete.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina Veterinária, cerca de 70% dos casos de lambedura excessiva têm origem dermatológica, principalmente alérgica.
Quando o problema é comportamental
Se os exames descartarem causas físicas, é hora de considerar o lado emocional. O excesso de lambidas pode ser sinal de ansiedade, estresse, tédio ou até depressão.
Lambedura como auto-regulação
Assim como alguns humanos roem unhas ou balançam as pernas, cães usam a lambedura para aliviar a tensão. Isso é comum em animais que ficam muito tempo sozinhos, sofrem com mudanças na rotina ou não têm estímulos suficientes.
Transtorno obsessivo-compulsivo canino (TOC)
Quando a lambedura vira um comportamento repetitivo e sem função aparente, pode ser um transtorno. Cães com TOC lambem até ferir a própria pele, mesmo quando não há dor ou coceira. Isso exige acompanhamento veterinário e, muitas vezes, intervenção com medicamentos e adestramento positivo.
Ansiedade de separação
Um cão que se sente inseguro quando o tutor sai de casa pode desenvolver comportamentos compulsivos, como lamber o chão, objetos ou a si mesmo. A lambedura é uma tentativa de se acalmar.
Como lidar com esse comportamento
O primeiro passo sempre deve ser investigar a causa com um veterinário. Só assim será possível tratar corretamente. Após isso, algumas medidas podem ajudar bastante:
Enriquecimento ambiental
Cães entediados tendem a desenvolver comportamentos repetitivos. Brinquedos interativos, passeios diários, cheiros novos e desafios mentais ajudam a ocupar o tempo e estimular o cérebro do pet.
Rotina previsível e segura
Mudanças bruscas no ambiente ou na rotina afetam a estabilidade emocional do cão. Manter horários consistentes e oferecer conforto emocional é essencial.
Supervisão e redirecionamento
Quando notar o comportamento, chame a atenção do cão com delicadeza e redirecione para uma brincadeira ou carinho. Jamais grite ou puna — isso só piora o estresse.
Adestramento positivo
Com a ajuda de um adestrador comportamental, é possível ensinar comandos que ajudam a interromper a lambedura e criar associações positivas com momentos de calma.
Uma pergunta que todo tutor deve fazer
Será que você reconhece quando seu cão está pedindo ajuda — mesmo sem latir? A lambedura é só um dos muitos sinais que os cães usam para mostrar desconforto, e aprender a decifrar esses sinais é parte do cuidado responsável.
Conclusão
Quando você perceber que seu cachorro está se lambendo demais, não ignore. Esse comportamento, embora comum em alguns momentos, pode indicar que algo não está bem — seja no corpo ou nas emoções. Observar, entender e agir com empatia é o melhor caminho para garantir saúde e bem-estar ao seu melhor amigo.
Mais do que tratar o sintoma, o importante é compreender a origem. Seu cachorro não lambe “à toa”. Ele está se comunicando — e cabe a você, como tutor, escutar com carinho, paciência e responsabilidade.
FAQ – Meu cachorro está se lambendo demais
1. Cães podem lamber por hábito sem que isso seja prejudicial?
Sim, desde que seja de forma eventual e sem machucar a pele. O problema é quando vira algo repetitivo ou compulsivo.
2. Existe algum exame específico para detectar a causa?
Sim. O veterinário pode solicitar exames dermatológicos, testes alérgicos e até avaliação comportamental, dependendo do caso.
3. Medicamentos são sempre necessários?
Não. Em muitos casos, mudanças no ambiente e na rotina já resolvem. Medicamentos são usados apenas quando o comportamento é mais grave.
4. Posso usar coleiras infláveis ou roupas para impedir que ele se lamba?
Sim, mas apenas como medida temporária. É essencial tratar a causa do comportamento, e não apenas impedir fisicamente.
5. Esse comportamento pode desaparecer sozinho?
Pode, mas raramente. É importante investigar o motivo da lambedura para não deixar um problema crescer sem necessidade.